28/12/2016

Capítulo 1 - Água

Capítulo 1 – Água
“Eu batizo com água (...)” João 1, 26

Todos nós sabemos que uma planta para crescer e viver precisa de água. O nosso planeta na verdade deveria se chamar Planeta Água devido à imensidão das águas em relação à massa terrestre que forma os continentes. A água é elemento central para toda vida e é inseparável do Espírito, pois desde o princípio o “Espírito de Deus pairava sobre as águas” (GN 1,2)
                A água sempre esteve relacionada à vida humana e à história do povo de Deus. Para alcançar a Terra Prometida longe da escravidão do Egito, os Israelitas precisaram atravessar o Mar vermelho. Hoje, para alcançarmos o Reino dos Céus, é preciso deixar outrora a escravidão do pecado e por meio da água do Batismo, entrar no estado de graça e de perdão de Deus, porta de entrada do Reino dos Céus.
Portadora de tantos significados na Bíblia, a água tem como suma importância ser representadora do Espírito de Deus, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. O profeta Isaías já falava da benção de Israel e da transformação da vida do fiel através da água, do espírito sobre a estirpe (Is 44,3) e do espírito que fará o povo crescer como “erva perto d’água, como álamos junto à torrente” (Is 44,4). Assim, já não e a água, mas o Espírito, representado pela água que dá vida.
Entre os recursos necessários ao crescimento da videira, a água é um dos mais abundantes e ao mesmo tempo, o mais limitante para a produção agrícola. A ocorrência de deficiência no processo de irrigação moderada poderá resultar em redução do crescimento e da produção, enquanto que, um déficit prolongado, poderá acarretar a perda total da produção. Por tanto, assim como a vinha precisa de água, nós também somos chamados por Cristo a bebermos da “água viva” (Jo 4, 10), pois Ele mesmo afirma que “quem bebe da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: porque a água que eu lhe der, nele se tornará em fonte de água corrente, para a vida eterna” (Jo 4,14)
Esta mesma água que purifica e dá vida, foi jorrada na cruz diretamente da chaga do peito de Jesus Cristo (Jo 19,34). O cristão que deseja crescer em Cristo precisa beber da água viva participando da morte de Cristo e sua ressurreição, através do batismo. O batismo que outrora João pregava era o batismo na água “para a remissão dos pecados” (Mt 3,11). Jesus inaugura o batismo pelo Espírito que efetua a purificação dos nossos pecados (1 Cor 6,11) e nos alimenta para o crescimento espiritual. Não se trata de limpeza da sujeira corporal, mas de compromisso solene de uma consciência diante de Deus. Por meio do batismo entramos em comunhão com Cristo e dele retiramos o alimento que mantém a nossa fé sempre verde, pois somos como que plantados a beira do rio (Sl 1,3) cujas folhas não secam. Essa figura tão importante da árvore plantada ao lado do rio nos mostra o quão felizes são os batizados:
“são como árvores plantadas às margens de um rio, cujas raízes alcançam águas profundas. Tais árvores não são afetadas pelo calor nem se preocupam com longos meses de seca. Suas folhas permanecem verdes e produzem fruto delicioso.” (Jr 17,8)

Após a sua ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos e os enviou ao mundo para fazer “todos os povos discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Ao sermos batizados já não somos um galho separado, mas passamos a nos unir à videira de Quem, e em Quem recebemos a água tão necessária para a frutificação. Este permanecer não é uma tarefa fácil, mas exige uma vida dedicada à oração e santidade. Quanto mais oramos, mais bebemos do Espírito Santo, e somos alimentados para nosso próprio crescimento. 
Muitas vezes estamos morrendo por dentro, secos, desesperados. Nosso coração está seco, como a terra ressequida esperando pela água, isto é o Espírito Santo. Mas o que impede o derramar do Espírito Santo sobre nós? O nosso convite, o nosso querer consciente. O Espírito Santo é Vivo e anseia por nós. Ele está pairando sobre nós, esperando o nosso convite para que Ele se derrame sobre nossa vida. A oração é o convite. Foi justamente quando estavam em oração (At 1,14) que os apóstolos viram se cumprir a promessa da efusão do Espírito Santo no dia de Pentecoste (At 2, 1-4). Porém, ao contrário dos discípulos, nós não dedicamos nosso tempo à oração, mas desperdiçamos nosso tempo com “nós mesmos”, tentando saciar a nossa sede com toda sujeira do mundo.
A gente sabe que num dia de calor um refrigerante bem gelado refresca, mas o mesmo refrigerante não mata a sede, pelo contrário, alguns até aumentam a sede. Muitos cristãos estão vivendo a base de refrigerante alimentando sua alma com o puro lixo do mundo, seja músicas, TV, na Internet, novelas, Big Brother ou redes sociais.  Essas pessoas fingem matar sua sede, no entanto, no fundo estão se matando por dentro, pois assim como o refrigerante alivia a sede temporariamente, em excesso, ele prejudica todo o aparelho digestivo, entre outros problemas de saúde. O mundo oferece todo tipo de diversão que pode ocupar o lugar do Espírito Santo em nossa vida. Por isso, a oração é o único remédio e a fonte direta para nos alimentarmos no Espírito Santo. Não podemos negligenciar isso. Desprezarmos a oração é como jogarmos fora um copo de água no deserto. É colocarmos nossa vida (Vida Eterna) em risco. Há plantas como os cactos que se adaptaram a viver sem água por longos períodos no deserto, mas Jesus não nos chamou para sermos cactos, e sim ramos da videira, para sermos dependentes da água. Enquanto caminhou entre nós, o Nosso Senhor Jesus Cristo desejou ardentemente nos dar o Espírito Santo, pois sabia que nosso coração já estava como a terra seca que anseia apor água.
Como se vê, a primeira lição que a videira nos dá, é que somos totalmente dependentes do Seu Espírito. Quanto mais uma planta produz fruto, mais ela necessita de água, da mesma forma, quanto mais desejamos fazer a vontade de Deus, maior deve ser nossa intimidade com o Espírito Santo, intimidade que só é alcançada através de relacionamento e tempo. No mundo atual, algumas concepções estão equivocadas, e o que a gente vê por aí, são casais que com pouco tempo de relacionamento, digo pouco até mesmo horas, se colocam nus diante um do outro, com tanta facilidade, expondo assim sua intimidade a alguém ainda desconhecido. O Espírito Santo, no entanto, anseia por uma intimidade que só pode ser alcançada por uma mudança profunda no nosso pensar, uma renovação (Rm 12,12) em que nossos desejos já não são mais egoístas, porém, passamos a desejar em todas as circunstâncias  aquilo que Ele deseja “pois os que vivem segundo o espírito, apreciam as coisas que são do espírito” (Rm 8,5). Queremos agradá-lo em cada instante, e mesmo que isso seja contrário aos impulsos naturais da carne (Rm 8, 5-9). É um desejo apaixonado por estar em comunhão com o Espírito Santo, e quanto mais unidos estamos, mais Ele nos transforma. O batismo se torna fundamental nesse processo de intimidade, pois ele é o primeiro encontro com o Espírito Santo, no qual ele nos desnuda, não para expor nossa intimidade, mas nos despir de nossas vestes sujas, revestindo-nos com uma veste nova e alvejada (Ap 7,9; 7, 13-14).



PERMANECENDO na VIDEIRA
UM VERSÍCULO PARA MEMORIAR: Eu sou a verdadeira videira, e o meu Pai é o lavrador. (João 15,1)
REFLEXÃO: Eu tenho buscado mais o Espírito Santo na minha vida ou tenho buscado mais as coisas do mundo? O que eu posso fazer para buscar mais o Espírito Santo?
ORAÇÃO: Espírito Santo de Deus. Eu reconheço que sou dependente de ti. Que muitas vezes te abandonei, te desprezei, procurando me satisfazer com as coisas do mundo. Mas hoje eu confesso meus pecados, assumo minhas faltas e me coloco nas tuas mãos. Vem preencher o vazio do meu coração. Mata a minha sede de vida. Eu quero me comprometer, a partir de agora, à Te buscar intensamente, até ter um relacionamento de intimidade, pois só por meio de ti sei que posso ter comunhão com Jesus Cristo, meu único Senhor e Salvador. Amém.
EXERCÍCIO ESPIRITUAL: Uma forma de ganhar mais intimidade com Deus é criando uma ROTINA de ORAÇÃO. Reserve um tempo do seu dia para Deus, comece com 10 ou 15 minutos. Faça isso num horário específico, em que você não esteja tão cansado. Inclua nesse horário a leitura da Bíblia, pode ser apenas alguns versículos, mas vá aumentando conforme o tempo passa. Se você deixar de fazer isso um dia, não tem problema, retorne no dia seguinte. É como praticar esportes, se você ficar parado vai dando mais preguiça, não se deixe abater por isso. Lembre-se a intimidade é construída com o tempo.



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